O empresário que mora em Cuiabá-MT ‘abriu a cabeça’ para o mercado internacional e com apenas 6 meses de atividade a empresa mato-grossense já exporta para outros países
Mesmo diante de uma concorrência desleal, com produtos sendo vendidos abaixo do preço de mercado, menor qualidade e embalagens inadequadas para o consumo, Emanuel Pereira Borges, sócio-proprietário da Bio Borges Alimentos, não desanimou em sua trajetória no segmento de castanhas e açaí em pó.
O empresário que mora em Cuiabá-MT ‘abriu a cabeça’ para o mercado internacional e com apenas 6 meses de atividade a empresa mato-grossense já exporta para outros países.
“Participei de 3 rodadas de negócios do Sebrae e enxerguei possibilidade comercial lá fora. Comecei a vender castanha-do-pará e açaí em pó para os Estados Unidos e tem sido bem melhor do que o mercado interno, onde os concorrentes vendem abaixo do preço e muitas vezes de forma irregular”, disse Emanuel.
Segundo ele, os concorrentes vendem a castanha a granel por R$ 30/Kg enquanto o empresário vende a R$ 50/Kg, porém de forma regularizada, com nota fiscal, cumprindo as exigências sanitárias de produção e embalagem. Isso faz com que o seu custo seja mais elevado.
“Existem muitas fábricas de fundo de quintal que atrapalham o mercado vendendo abaixo do preço, sem nota fiscal e embalagem inadequada que pode ser até prejudicial para o consumidor, porque não tem higiene”, questiona.
O empresário ‘pegou o gosto’ pelo mercado internacional no ramo florestal, antes mesmo de atuar com a venda de castanhas e açaí em pó. Sua empresa já vendeu madeira para Tailândia.
No ramo atual vende cerca de 2 toneladas por mês de castanha-do-pará e açaí em pó para os Estados Unidos, sendo 1 tonelada de cada produto.
Ainda em 2018, Emanuel pretende ampliar as exportações para a China, França e Portugal.
Com relação à castanha-do-pará, sua empresa produz a oleaginosa com o apoio de 10 funcionários em Juína-MT. Já o açaí em pó, vem do estado do Pará e ele revende para outras empresas comercializarem. As margens de lucro estimadas são de 20% e 10% respectivamente.
Emanuel disse que está animado com as vendas ao exterior. Este ano também participou da rodada internacional ocorrida durante o Fórum Sebrae de Negócios, evento realizado no mês de agosto pelo Sebrae MT em Cuiabá.
Mercado da castanha-do-pará
Segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic), em 2016, as exportações brasileiras de castanha-do-pará, também conhecida como castanha-do-brasil, somaram 8.498 toneladas, bem abaixo das 21.481 toneladas do ano anterior. Os dados são considerados conservadores pelo mercado já que parte da venda para o exterior não é oficial.
Nesta última safra, em 2017, a castanha-do-pará praticamente sumiu do mercado, o que fez com que seu preço disparasse, chegando a valores de até R$ 120 reais a lata nas florestas do Acre e do Mato Grosso. No sul do Amapá, um hectolitro (5 latas) chegou a ser comercializado por R$ 750 reais.
“A valorização observada nesta safra é reflexo da queda brusca na produção, que aconteceu em um momento de crescimento do mercado”, analisa o pesquisador da Embrapa Amapá Marcelino Guedes. Há relatos de extrativistas, que coletam a castanha há décadas, de que nunca viram algo assim.
A safra de castanha-do-pará registrou em 2017 uma redução de cerca de 70% em relação a 2016. A produção esperada, segundo pesquisadores da Embrapa que atuam na Amazônia, é de 10 mil toneladas, enquanto as últimas médias anuais vinham variando entre 20 mil e 40 mil toneladas. A queda da produção fez o preço da lata (11 Kg) da castanha, que em 2016 custava em média o valor de R$ 50 reais, saltar para R$ 120 reais nas florestas de algumas regiões. Pesquisadores apontam alterações no regime de chuvas como a principal causa dessa queda.
A queda da produção atingiu também outros países produtores, como a Bolívia e o Peru. A falta de chuvas na América do Sul, devido ao evento climático El Niño, prejudicou o desenvolvimento da safra.
Já para pesquisadores da Embrapa, o desmatamento na Amazônia é uma das causas da baixa produtividade. A castanheira produz mais em florestas conservadas, que possuem abundância de polinizadores e condições microclimáticas ideais. Isso sem falar que mais desmatamento pode significar menos chuvas e aumento da ocorrência de queimadas, o que causa impacto a qualquer tipo de atividade extrativista vegetal e agropecuária.
O estado de Mato Grosso também sofreu nesse período citado. Para recuperar a produção de Mato Grosso, entidades se organizaram para apoiar associações e cooperativas nas etapas de coleta, armazenamento, seleção e beneficiamento das amêndoas. Uma dessas iniciativas é o projeto Poço de Carbono Juruena, que está sendo retomado pela Associação de Desenvolvimento Rural de Juruena – Aderjur, com patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental e do Governo Federal.
O projeto irá apoiar tanto a produção de castanha do extrativismo na floresta, em vários municípios do Noroeste do Estado, quanto o plantio de novas mudas de espécies nativas em áreas de assentamento e de pequenas propriedades do município de Juruena.
Conforme a Embrapa, alguns experimentos-pilotos com plantios de castanheiras já são feitos no Acre, em Rondônia e Mato Grosso. A intenção é acelerar a produção em sistemas agroflorestais.
A demanda crescente do consumidor, que vê na castanha uma aliada na prevenção de doenças, não acompanha a capacidade da floresta de gerar tantos frutos. Além da indústria alimentícia, a castanha-do-pará também é matéria-prima para a produção de cosméticos e com o passar do tempo pode ter aumento no consumo.
Mercado do Açaí
O açaí foi introduzido no mercado nacional durante a década de 1980. O uso e consumo de derivados da fruta originária da região norte do Brasil virou mania entre os praticantes de atividades físicas porque vale por uma refeição. O consumo de açaí se popularizou no Brasil a partir do final da década de 1990.
Tipicamente brasileiro, o açaí é cultivado principalmente no Pará. Outros estados próximos, como Maranhão, Amazonas, Acre, Amapá, Rondônia e Roraima, também estão expandindo o cultivo tanto para o consumo interno como para exportação.
A comercialização da polpa do açaí vem crescendo na Região Amazônica, no mercado nacional e até mesmo no internacional, onde o produto passou a ocupar lugar de destaque entre os consumidores de polpas de frutas.
Na maioria das regiões do Brasil, o consumo do fruto acontece através da polpa, que possui gosto bastante atraente ao paladar. A alta procura também deve-se ao fato do açaí possuir poder antioxidante, que combate os radicais livres, responsáveis pelo envelhecimento das células.
Apesar de ser consumido gelado, o açaí não sofre com problemas de sazonalidade. Ou seja, ele possui boa demanda tanto no inverno quanto no verão.
Em 2015, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), somente o estado do Pará colheu mais de 1 milhão de toneladas de açaí em uma área extrativista e cultivada de 154 mil hectares. A venda dos frutos injetou cerca de R$ 1,8 bilhão na economia local em apenas um ano.
Dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) dão conta de que as atividades de extração, transporte, comercialização e industrialização de frutos e palmito de açaizeiro são responsáveis pela geração de 25 mil empregos diretos e geram anualmente mais de R$ 40 milhões em receitas. A entidade estima, ainda, que 500 toneladas de açaí sejam consumidas mensalmente no Rio de Janeiro, 150 toneladas em São Paulo e outras 200 toneladas nos demais estados brasileiros.
Há alguns anos na Europa, o produto chegou em formato de polpa, sucos e até o açaí batido e servido na tigela, com textura cremosa. Em países como Portugal e Espanha, o insumo já é encontrado em supermercados e redes de lojas de produtos orgânicos.
Em Mato Grosso, o açaí vem se tornando cada vez mais popular, principalmente por ser um produto refrescante, assim como o sorvete. Por ser um alimento nutritivo e de base mais natural tem se tornado hábito entre os consumidores, principalmente para o público mais jovem.
Açaí em Pó
O açaí se popularizou no Brasil e vem conquistando cada vez mais espaço mundialmente, com exportação para diversos países. O que nem todo mundo sabe é que a fruta, popularmente consumida em creme, também pode ser comercializada em pó, com inúmeras aplicações nas indústrias de alimentos, bebidas e suplementos.
É importante lembrar que, na grande maioria dos casos, o açaí em pó não é destinado ao consumidor final, mas sim à indústria, utilizado como matéria-prima para a fabricação de barras de cereais, cookies, granola, sobremesas, pães, bolos, entre outros itens do setor de alimentos e bebidas.
Internacionalização
A internacionalização é algo que deve seguir um planejamento estratégico da empresa e todas as etapas legais, além das adaptações nos processos produtivos.
Sua empresa está preparada para atuar no mercado internacional?
Antes de exportar é importante refletir sobre alguns requisitos básicos:
– Atuar no mercado internacional é uma estratégia de ampliação do seu negócio ou apenas uma ocasião temporária para aproveitar a alta do dólar?
– Você consegue aumentar sua produção para atender a demanda externa ou precisa realizar algum investimento em maquinário ou ampliação de equipe?
– Seu produto atende os interesses do consumidor internacional e o preço está competitivo?
– Sua embalagem está adequada ao mercado estrangeiro que pretende atuar?
– Já possui toda documentação e certificações necessárias?
Internacionalização de Pequenos Negócios pelo Sebrae
O Sebrae MT apoia a internacionalização dos pequenos negócios, capacitando, orientando e aproximando os empresários das oportunidades do mercado internacional.
Quer expandir seu negócio e aprender mais sobre como exportar seu produto? Procure o Sebrae MT para te ajudar em todo o processo. Uma equipe de especialistas vai preparar a sua empresa para vender em diversos países.
Entre em contato com o Sebrae MT
Telefone: (65) 3648-1295 | 0800 570 0800
Email: internacional@mt.sebrae.com.br
Site: www.negociosglobais.com.br/www.mt.sebrae.com.br
Fonte: depoimento de Emanuel Pereira Borges, sócio-proprietário da Bio Borges Alimentos. Dados de Mercado: Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic), Embrapa, Poço de Carbono de Juruena, Portal do Franchising, Blue Macaw Flora e Sebrae.
Maiores informações podem ser obtidas no site www.negociosglobais.com.br